"O ansioso e o vaidoso acabam criando um processo neuropsíquico onde se vicia em ouvir apenas o som de sua voz e perde-se o traquejo de ouvir o outro..."
"O prolixo é antes de tudo um egocêntrico e em alguns casos tem uma criança atemorizada dentro de si, que precisa falar sem parar para tentar driblar o silêncio"
Um dos exercícios mais difícieis que proponho aos meus alunos é o jejum de 24 horas, em segundo lugar vem o silêncio absoluto por um determinado tempo.
Tanto um quanto o outro são formas de girar o relógio no sentido anti-horário, andar para trás ou nadar contra a corrente.
Não fomos programados para isso, não é natural, ou melhor, não é socialmente natural. Mas se a gente pensar bem ... vamos ver que os grandes males da humanidade são justamente a comida (por excesso ou falta) e as palavras por (excesso ou falta).
Na verdade nem é bem assim, não é a comida, nem são as palavras os causadores dos males atuais, e sim o controle desses fatores. Não controlamos o nosso apetite e a obesidade já é uma doença epidêmica no Brasil, nos EUA e em vários países.
Por não controlar a comida, esta acaba faltando no terceiro mundo e milhões padecem de fome. Quanto às palavras, pior que o alimento, pois o uso das palavras é gratuito, seu mal uso e abuso tem sido um desastre das maiores proporções.
Em minha opinião a verborragia, consequência da alta ansiedade e da carência afetiva, é um mal que está cada vez mais presente, levando confusão e incomunicabilidade para muita gente. Por isso que fazer jejum e ficar em
silêncio pega no nervo exposto de grande parte da população: o controle, o controle do corpo de desejos!
Um cliente recém-chegado, me mandou em apenas uma semana mais de 40 mensagens, além de telefonar algumas vezes. Eu dizia: antes de mais nada, precisamos controlar o excesso de ansiedade - não matar a ansiedade (eu também sou ansioso), mas controlá-la.
Ele respodeu: "Mas eu não sou ansioso, sou um cara legal, sou trabalhador, bem casado, etc...
Seria quase impossível para ele fazer com sucesso o exercício do jejum e do silêncio.
Mas o que isso pode ajudar a melhorar a vida do indivíduo. A lista é longa, os benefícios são tantos para a saúde física e mais ainda para a psicológica.
Falar demais coloca o sujeito estatisticamente na lista dos besteirentos, dos incorretos, mentirosos, equivocados e dos distraidos.
Claro que se você fala demais as suas chances de falar bobagem é maior. Quando você fala demais escuta menos, presta menos atenção nas informações que vêm de fora, e isso pode ser fatal.
O ansioso e o vaidoso acabam criando um processo neuropsíquico onde se vicia em ouvir apenas o som de sua voz e perde-se o traquejo de ouvir o outro, ouvir e entender o que é dito e, pior dos males, o que fica por dizer pairando nas entrelinhas silenciosas.
Quantos se enebriam com o som de suas próprias vozes e acabam enfeitiçados ao se autoalimentar de suas palavras e se convencem de que são o máximo, são maravilhosos e infalíveis.
As palavras são seres vivos de vida curta, é verdade, mas de impacto às vezes muito duradouro na vida de quem fala e de quem ouve. Só por esse motivo deveriam ser tratadas com mais consideração, para falar o mínimo.
Palavras são carregadas de energia, portanto, se o sujeito fala demais, a tedência é ficar mais fraco, mais cansado e, na maioria das vezes, a reação natural do organismo é tentar recuperar a energia "vampirizando" os outros. Por isso, quem convive com o prolixo superansioso no cotidiano vive esgotado, está sempre abrindo a boca naqueles bocejos longos e sonolentos.
Vya Estelar
ᑌOᒪ
Nenhum comentário:
Postar um comentário