“Eu vou lhe falar uma coisa, mas você não pode contar para ninguém, ok?” – Quantas vezes algum colega do seu escritório já não começou uma conversa com essa frase? E, muito provavelmente, o que veio depois era pura fofoca? Pois saiba que, apesar de ser muito comum, esse é um comportamento que deve ser evitado ao máximo em ambientes corporativos.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), com 6.945 pessoas, o perfil de profissional pior visto pelos colegas é o “fofoqueiro” – com 27,43%, ganhando dos “enrolados” (27,30%) e do “ranzinza” (22,75%).
Para a consultora Ana Vaz, o resultado da pesquisa demonstra o quanto esse tipo de profissional afeta diretamente no clima do ambiente corporativo, por causar insegurança nos colegas. “As pessoas nunca sabem realmente do que ele é capaz, até onde ele pode chegar. Não dá para ter certeza da ética dele e ele acaba sendo alguém que não consegue formar aliança na empresa”, comenta.
Quem concorda é o headhunter Ricardo Nogueira, presidente da empresa de recrutamento Junto Brasil. Para o especialista, o fofoqueiro é o profissional mais despreparado e inseguro. “Não é culpa da empresa ou do estilo de gestão do líder, é realmente uma pessoa que não consegue gerar resultados por si só e acaba falando pelos cotovelos”, observa.
Mas afinal, o que define uma informação como uma fofoca? Segundos os especialistas, é o tom de especulação e de sigilo. Geralmente, o fofoqueiro compartilha informações baseadas em boatos e sem fontes definidas, e normalmente tem um tom negativo. O profissional utiliza essa informação como uma moeda de troca. Ele conta algo exclusivo, esperando que futuramente você retribua com uma nova informação. “A fofoca está diretamente ligada ao jogo de poder. Eu me sinto poderoso quando tenho uma informação exclusiva e compartilho com todo mundo”, diz Ana.
No entanto, ao compartilhar uma informação que seria sigilosa ou da qual não se tem certeza se é verdadeira ou não, a pessoa muitas vezes prejudica o alvo da fofoca.
Ouviu uma fofoca? Saia pela tangente
Ainda que a maioria dos profissionais saiba que a fofoca não é uma coisa boa, muitos acabam se envolvendo nessa situação por não conseguir lidar com o colega fofoqueiro. Por medo de ser o próximo alvo de comentários, ou pela vontade de estar atualizada, a pessoa acaba dando ouvidos aos boatos e propagando a informação, sem avaliar as consequências disso.
Para Nogueira, essa situação é inerente ao ambiente corporativo. “Criam-se panelinhas nas empresas e, sempre que aparecem esses grupos, com certeza tem fofoca. Não tem um grupinho que vai almoçar e que não faça uma fofoquinha, mas você tem de lidar com isso para que não se torne um ponto negativo”, aconselha.
Ao contrário do que possa se pensar, ignorar o fofoqueiro ou bater de frente pode não ser a melhor saída, ainda mais se a fofoca vier do seu próprio chefe. Segundo os especialistas, o confronto direto pode piorar o clima entre os colegas. O recomendável é que o receptor preste atenção no que está sendo dito, sem emitir muitas opiniões, para no final desviar a conversa para outro assunto. O mais importante é não repassar o que ouviu.
"A partir do momento em que as pessoas tiverem esse tipo de comportamento, o fofoqueiro abandona o hábito. Se ninguém quiser ouvir esse tipo de informação, a pessoa não vai levar isso adiante", conta Ricardo Barbosa, diretor executivo da Innovia, consultoria em RH.
Desmascarando a fonte da fofoca
No entanto, dependendo do teor do boato, é preciso tomar certas atitudes para evitar que alguém seja prejudicado. Como qualquer outro erro ou desvio de comportamento inaceitável dentro de um escritório, é importante que o funcionário seja avisado e arque com as consequências de sua atitude.
Ao ficar sabendo quem está espalhando a fofoca, o aconselhável é que o profissional converse com seu gestor e deixe que ele tome as providências necessárias de acordo com a política de comportamento da empresa. Caso o fofoqueiro seja o seu próprio chefe, marque um horário com o setor de Recursos Humanos e conte sobre sua situação.
“Em um primeiro momento, uma conversa é o mais recomendável, deixando claro que, caso isso ocorra novamente, a empresa tomará medidas mais duras para reverter a situação”, diz Ana Vaz.
Fonte: Economia.Ig
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