Você conhece um marido manipulador, uma mãe neurótica, uma irmã invejosa, um chefe autoritário, um vizinho fofoqueiro, uma colega de trabalho queixosa ou um ex-namorado vítima? pois tenha certeza de que essas pessoas venenosas só irão atrapalhar sua vida.
Não há como afirmar que exista alguém totalmente bom ou totalmente mau como nas maniqueístas histórias infantis.
Mas em determinadas situações há pessoas de personalidade difícil, que potencializam as fragilidades de quem está a sua volta, semeando frustrações e desestruturando sonhos alheios. Atitudes que, em resumo, envenenam. O terapeuta familiar argentino Bernardo Stamateas identificou essas pessoas, cunhou o termo “gente tóxica” e falou sobre elas no livro Gente Tóxica – Como Lidar com Pessoas Difíceis e Não ser Dominado por Elas (Ed. Thomas Nelson Brasil).
Assim como uma maçã estragada em uma fruteira é capaz de contaminar as outras frutas boas, as pessoas tóxicas, segundo Stamateas, tendem a envenenar a vida, plantar dúvidas e colocar uma pulga atrás da orelha de qualquer um. A boa notícia é que isso só acontecerá se você permitir.
Como uma maçã estragada, as pessoas “tóxicas” costumam contaminar as outras a sua volta
A vilania da situação reside no fato de que gente tóxica está sempre à espera da queda ou da frustração de alguém próximo para, então, assumir o papel de protagonista. “Eles (os tóxicos) se sentem intocáveis e com capacidade de ver a palha no olho do outro e não no seu”, comenta o autor.
Nem todos concordam com a catalogação aos moldes da feita por Stamateas, que identificou 13 personalidades tóxicas em seu livro – do “joga-culpa” ao medíocre; do falso ao psicopata. A doutora em psicologia Yara Ingberman discorda dos modelos pré-estabelecidos de pessoas. “Receitas podem servir para bolos, mas não para relações humanas. O que existem são seres humanos que aí estão , interagem uns com os outros e que produzem nas suas interações reações que chamamos de ruins ou boas de acordo com um sistema de valores.”
A psicoterapeuta Solange Maria Rosset afirma que existem pessoas que têm menos consciência de seu comportamento e, por isso, deixam transparecer mais suas características. Essas pessoas estabelecem um convívio social de controle sobre os outros, desconsiderando o sentimento do próximo e tendo como base a própria história. Yara complementa: “Nossa sociedade privilegia este tipo de funcionamento a partir do momento em que o clima empresarial é de concorrência e de privilégio aos ‘melhores’”.
As relações interpessoais podem ser percebidas como um jogo relacional. As características de cada um aparecem na interação com o outro. A maneira como cada um age é aquela que funcionou um dia e continua funcionando agora. Pode ser fazendo o outro se sentir bem ou mal. Solange considera que é como se determinadas pessoas acionassem um padrão de função e outras não. “Eu posso ter inveja de A, mas não necessariamente terei de B.”
Se as atitudes do outro têm trazido danos, está na hora de uma pergunta: “O que eu faço que desencadeia este comportamento no outro?” Solange afirma: “A partir da autoavaliação, eu consigo definir alguns comportamentos meus que provocam no outro manifestações que me prejudicam”. Como mudar o outro é impossível – e a tentativa, pouco prática – comece a controlar a situação por meio de seus próprios gestos. Pare de idealizar suas relações.
Aprenda a dizer não. Fale menos e, se precisar, se afaste por algum tempo das pessoas que lhe “envenenam”.
Intoxicadores
O terapeuta familiar Bernardo Stamateas, autor do livro Gente Tóxica – Como Lidar com Pessoas Difíceis e não ser Dominado por Elas, lista 13 personalidades tóxicas mais frequentes e comenta cada uma delas. A seguir, alguns exemplos clássicos:
O invejoso
A inveja nasce da ideia de que nunca se terá o que o outro possui ou nunca se passará pelo que o outro está passando. Sentimento destrutivo que só acaba quando o outro perde. Golpes, calúnia, maus-tratos, violações e até mortes são provocados pela inveja. Que o diga alguns personagens de fábulas como Cinderela, sobrevivente do veneno das irmãs esquisitas, invejosas e malvadas. Invejosos ocupam mal o seu tempo e sempre se colocam no lugar de vítimas. Stamateas afirma: “A pessoa que inveja passa o tempo opinando e julgando tudo o que o outro tem, em vez de se orientar para alcançar seus próprios sonhos, convertendo-se em algoz em vez de ser protagonista de sua própria vida”.
O desqualificador
O objetivo desse grande representante da categoria gente tóxica é fazer com que os demais se sintam “um nada”. Seu prazer é fazer com que o outro viva inseguro e desconfiado, dependente de palavras que o direcionem. Quando a autoestima cai, palavras negativas e falsos princípios ganham força, desestruturando os sonhos e a verdadeira personalidade. Ponto para o desqualificador! Um conselho para conviver com o desqualificador é não cair no jogo dele. Não comprar a briga. Em contrapartida, sorrir, ser sereno e mudar de assunto. Fácil? Não. Mas Stamateas supõe que a partir do momento que decidimos nos libertar de todas as más palavras e insinuações errôneas, ficamos livres de todos os que nos ofendem.
O fofoqueiro
O boca a boca foi durante muito tempo a forma mais eficiente de se transmitir uma informação. Entretanto, é preciso conhecer a procedência do que está sendo dito. Os rumores só existem porque há quem acredite neles. Bernardo Stamateas define que fofoqueiro é tanto aquele que vende como aquele que compra a mercadoria da discórdia. A dica de ouro para sobreviver aos fofoqueiros é: “Não pare para dar explicações ou tentar entender o rumor”.
O chefe autoritário
Quando o medo de perder o emprego e a necessidade de ter um salário (seja do jeito que for) se deparam com um chefe que gosta de tirar vantagem de sua posição – para que a sua vontade seja cumprida e ponto final – é hora de ligar o alerta vermelho. Um verdadeiro líder mostra autoridade, tendo funcionários que o seguem por respeito. Muito diferente do “Se você não fizer tal coisa, você irá andar na prancha.”
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Fonte: Gazeta do Povo
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