Lembrar-se de vilãs sarcásticas como Odete Roitman (“Vale Tudo”) ou Nazaré Tedesco (“Senhora do Destino”) é muito mais fácil do que de outra personagem das mesmas novelas globais. “O fascínio pela maldade, pelo sofrimento, pela violência funciona para algumas pessoas como uma descarga de adrenalina e é isso que faz a bilheteria de filmes de ação ser lucrativa. Estes programas apenas contêm uma fração deste mesmo conteúdo”, diz a antropóloga Zilda.
Há, ainda, outro lado nesta questão. As novelas gostam da luta de classes, os pobres contra os ricos. “E os maus sempre são punidos no final. Proporciona um prazer aos que se identificam com os personagens humilhados. A novela é uma válvula de escape para quem quer ver a justiça sendo feita. Funciona como um alívio, um desfecho desejado”, diz a antropóloga.
Exemplo na TV
O poder didático da televisão é inegável. Capta recursos volumosos para ações sociais, faz ídolos e pode destruí-los. “As famílias devem filtrar o acesso de menores de idade a este tipo de programação até que tenham discernimento e maturidade para perceber que não é um modelo a ser seguido”, diz Zilda Knoploch.
Para o psicólogo Jacob Golberg crueldade é educar crianças para servirem a padrões desumanos de comportamento. “Pesquisas já comprovaram que crianças negras, pobres, obesas têm complexo de inferioridade exatamente por serem vítimas desta cultura avacalhada, que, indiretamente, privilegia os modelos de dominação, rica, branca e arrogante. Este humor fascista não coincide com os direitos humanos de uma sociedade psicologicamente madura."
Kátia Deutner
Uol Mulher Comportamento
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