"Respeitável público...
O espetáculo vai começar!!!!!"
Todos os dias, no mesmo horário, a vizinhança já sabe que o casal de psicóticos vai dar mais um de seus shows!
E tome gritaria, palavrões, porradas na cara, pratos se quebrando, portas batendo, panelas voando... E pra quê brigarem dentro de casa, se na rua é bem melhor? Claro, a platéia é bem maior, dá até para interagir com o público:
“Vão dormi, seu loucos!!!!!!!”.
E tudo isso ao som do choro dos filhos, únicas vítimas de tamanha falta de vergonha na cara dos pais, dois tremendo irresponsáveis.
Tudo bem, no começo o pessoal até corria para as janelas para ver a palhaçada. E não é que tinha até torcida? Sim, porque metade morria de pena de você, enquanto que o resto achava que seu marido era a vítima. Bem, mas isso foi antes, porque agora eles sabem que nenhum dos dois vale nada.
Tanto que hoje, depois de anos e anos de brigas, os vizinhos nem ligam mais. Podem ouvir gritos de socorro, ameaças de morte, que ninguém mais se preocupa. Alias, vocês já são bem conhecidos na central de atendimento da policia, sabia? Sabe como é, o policial nem precisa mais anotar o endereço para enviar uma viatura. E não é só isso, porque o hospício (ops, casa) onde moram já virou ponto de referência no bairro: "Eu moro dois quarteirões depois da casa dos loucos".
Posso afirmar com toda convicção do mundo, que seus filhos não sofrerão tanto se vocês se divorciarem, viu?
Claro, porque tem sempre aquela desculpa idiota de que permanecem unidos pelo bem dos filhos!!! Arre!!! Eu passei a maior parte da minha vida vendo os meus pais brigarem, tinha até horário fixo para o pau comer no barraco, e isso não fez nenhum bem pra mim!! Aliás, todas as vezes que vejo uma briga de casal, eu não me preocupo com os gritos da esposa, dos dramas que fazem, mas com os filhos.
Passa um filme na minha cabeça e eu me lembro de como eu chorava e implorava para eles pararem. Isso quando não corria para me esconder no meu quarto, e ficava lá, deitado na cama, morrendo de medo que acabasse sobrando pra mim. Sim, porque eles sempre precisam dos filhos como juízes, desde que ficássemos do lado certo. E o lance era assim: se eu ficava do lado da minha mãe, me fudia com meu pai...Claro, porque eu era forçado a dizer quem estava com a razão, mesmo sabendo que nenhum deles tinha razão alguma.
Meu pai nunca encostou a mão em minha mãe - muito pelo contrário, ela que gostava de bater.
Olha, o despertador em casa eram os palavrões da minha mãe! Meu pai acordava as 6:30hs, descia as escadas correndo, nem tomava café da manhã, e ela ia atrás, gritando como uma louca, chamando de viado, filho da puta... Olha, com sete anos de idade eu sabia mais palavrões do que papagaio de pirata...E aprendi tudo com mamãe.
Então, depois que meu pai ia embora para o trabalho , para quem você acha que acabava sobrando? Oras, para mim e para o meu irmão, claro.
Cacete, mas eu cansei de apanhar sem nem saber os motivos.
Quando estava com doze anos, perguntei para meu pai por que não se separavam. Ele arregalou os olhos, parecia que eu tinha falado o maior absurdo do mundo...Bem, absurda mesmo foi a resposta que ele deu: "Não nos separamos pelo bem de vocês..."
Sabe qual é a coisa que eu mais sinto inveja? Das festas de Natal. Puts!
Eu olhava as casas dos vizinhos, com as luzes da decoração natalina piscando, ficava escutando os risos, a confraternização, e pensava porque aquilo não podia acontecer em minha casa? Sim, não tinha destas de feriado, não. Em casa o pau comia em todos os dias, até no Natal.
Eu, há muitos anos consegui me libertar do passado, mas meu irmão ainda hoje é um cara revoltado, sem rumo na vida, que fez do inferno que era nossa vida um exemplo. Tanto que ele brigava com a ex-esposa quase todos os dias, muitas vezes chegando a agressão física.
Independente do que somos hoje, nenhum de nós ficou imune às cenas de violência doméstica.
Por isso, minha cara, se a vida de vocês virou esse picadeiro, não use seus filhos como desculpa. Termina logo, vai cada um para seu canto, que assim será bem melhor para todos.
Sei lá, acho muito mais fácil pagar terapia para os filhos superarem o divórcio, do que pagar o preço de vê-los destruídos emocionalmente antes dos 13 anos.
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QUERO SEU SORRISO DE VOLTA e vire uma mulher ruim e feliz!!
Autor : Paulo Almeida
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