"São muitos os pensamentos que ainda precisam ser mudados, começando pelo padrão duplo de sexualidade. É incrível que mulher que faz sexo ainda seja xingada, enquanto o homem que faz exatamente a mesma coisa é vangloriado. Acima de tudo, é preciso parar de querer vigiar e punir o corpo das mulheres. Se o corpo feminino parar de ser visto como algo suspeito, poderemos legalizar o aborto, por exemplo, fundamental para que tantas brasileiras deixem de morrer pelas mãos de clínicas clandestinas. Também é preciso que a mulher pare de ser considerada propriedade do homem. Esse sentimento de posse faz com que, de todas as mulheres assassinadas no mundo, uma em cada três seja morta pelo parceiro, o que ainda insistimos em chamar de crime passional, enquanto o mais apropriado seria 'feminicídio'. É preciso, em linhas gerais, que mulheres sejam vistas e tratadas como seres com total autonomia".
Lola Aronovich, 46 anos, professora de Literatura em Língua Inglesa da UFC (Universidade Federal do Ceará) e autora do blog feminista
"Escreva Lola Escreva"
"Por lei, na sociedade contemporânea, nós, mulheres, temos direitos iguais aos dos homens. Mas, culturalmente, ainda somos criadas para perpetuar valores conservadores. Nem sempre a gente fala ou age de forma machista por querer, mas por reproduzir um padrão que aprendemos como certo. O machismo é naturalizado. Existe uma crença de que 'biologicamente' a mulher é mais sensível, nasce com o dom de ser 'multitarefa'. A consequência disso é desastrosa: as mulheres que lutam por liberdade sexual ou qualquer valor diferente dos impostos, se sobrecarregam ou sofrem preconceitos por não se enquadrarem naquilo que a sociedade espera".
Liana Sampaio Carvalho, 39 anos, de Itajaí (SC), jornalista, empresária e administradora da página do Facebook "Moça, Você é Feminista".
Por Heloísa Noronha, do UOL, em São Paulo
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