Você já deve ter se perguntado por quê algumas pessoas aceitam qualquer situação e se envolvem com qualquer parceiro, só para não ficar sozinhas e colocam todas as suas perspectivas nos relacionamentos amorosos, mas o que leva uma pessoa a se envolver constantemente com diversas pessoas, até mesmo sem sentimentos, só para não ficar sozinha?
Esse comportamento pode indicar falta de amor próprio?
Como superar essa inclinação e ser feliz sozinho?
Esses relacionamentos, iniciados apenas por carência, podem ser destrutivos?
Viver em função de uma relação pode significar carência excessiva?
Alguém que se envolve com todo e qualquer tipo de pessoa só pra não ficar sozinha é aquele que tem baixa auto estima, ou seja, não acredita no próprio valor, não gosta de si mesmo, se acha sem atrativos e incapaz de ser desejado ou amado por alguém. Por essa razão acaba cedendo às investidas de outras pessoas, muitas vezes sem sentir nenhuma atração, nem física, nem pessoal, e acabam ficando com quem lhe deu um pouco, por menor que seja de atenção, muitas vezes nem importando com seus atributos internos e externos. As pessoas carentes idealizam os relacionamentos, colocam o outro em um pedestal, se envolvem com qualquer tipo de pessoa, na maioria das vezes, acreditando que por amar tanto pode mudar o outro. Isso pode ser entendido como uma fuga, uma maneira de não encarar os próprios desejos ou problemas, preocupando-se somente com o outro.
Algumas teorias da psicologia ainda acreditam que pessoas carentes não conseguem, mesmo que inconscientemente, diferenciar amor, dor e sofrimento.
Alguns homens podem, inicialmente, gostar de mulheres carentes, pois lhe oferecem todos os cuidados, agrados e carinho, dedicação total. Mas depois de um tempo, passam a querer que ela tenha vida própria, pois carência demais sufoca. Amor demais sufoca.
Pessoas carentes tem uma visão distorcida do amor. Elas acreditam que quanto mais amarem, quanto mais se doarem, mais serão amadas. Só que não é bem assim que funciona. Quando a pessoa esquece de cuidar de si própria, abre espaço para a rejeição e para a não valorização. Pessoas rejeitadas, começam a amar mais ainda, pois não admitem “perder” o amor do outro, e começam a traçar novas estratégias para se sentirem amados, por medo do abandono. Ligam, mandam mensagens, enviam mimos, querem se fazer presentes o tempo todo.
Pessoas carentes, normalmente não encontram satisfação no que recebem. Sufocam, sugam toda a energia do outro, querem atenção constante, exigem agrados, carinho, cobram demais. Por medo de serem abandonados, tentam fazer até o impossível para ter o outro sempre por perto.
O individuo carente se anula, coloca o relacionamento como única prioridade. É inseguro, dependente, controlador, possessivo. Na maioria das vezes tem outras características como se satisfazer com compras, podendo ser pela simples satisfação ou interessando pelo outro, sempre tentando agradar.
Relacionamentos assim podem ser destrutivos, pois não há uma verdadeira troca afetiva, há sempre um sufocando o outro, se sentindo cobrado e tendo que estar presente todo instante.
Não podemos deixar de citar as pessoas que mantém um relacionamento estável com outra pessoa e que, muitas vezes acabam se envolvendo com outras (relação extraconjugal). Isso pode ocorrer por vários motivos, mas em algumas situações também envolve a carência afetiva. Em quais situações? Quando o outro despende tempo demais no trabalho, ou quando a rotina toma conta da relação, ou quando as brigas são constantes, quando não cuidam do relacionamento, enfim, por vários motivos. Nessas situações a pessoa pode encontrar carinho, afeto e atenção com outra pessoa. Atenção é o reforçador social mais importante que existe, e muitas vezes é a causa das traições. Lembrando que quando há espaço, quando cabe um terceiro em uma relação, é preciso avaliar não só as atitudes do outro, mas também o nosso papel e a nossa parcela de responsabilidade com o outro e com a relação.
Somos seres de relação, não sabemos viver sozinhos, dessa forma, o ideal para evitar que o relacionamento se torne destrutivo é a pessoa buscar ser independente, inteira, autônoma, fazer suas escolhas, ter capacidade de escolher relações que possa ter trocas mais maduras, com pessoas dispostas e prontas para dar e receber, para trocar, para que ambos ganhem com a relação.
As pessoas não devem, por exemplo, acreditar que precisam viver somente para a relação. É necessário e imprescindível que ambos tenham amizades, dediquem-se ao estudo ou ao trabalho no qual sintam prazer e realização, cuidem de si, de corpo e mente, busquem o autoconhecimento, tenham amizade com outros casais, para compreender a dinâmica das outras relações e se espelhar também nelas, pois aprendemos muito com a experiência do outro e com essa troca de experiências. Tudo visando, não viver somente em função do relacionamento amoroso.
A carência afetiva, hoje, pode ser considerada como um distúrbio de comportamento que afeta um número considerável de pessoas, tanto homens quanto mulheres. E essas pessoas sentem e agem dessa maneira, muito provavelmente, por terem vivenciado experiências emocionais que não foram atendidas, tanto na infância quanto em relacionamentos anteriores. Carentes afetivos necessitam aprender a amar de forma mais construtiva e saudável, pensando em si próprio, amando a si próprio, se aceitando, dosando sempre entre o outro e a si, buscando se colocar no lugar do outro sim, porém dentro do limite que não prejudique sua auto estima. Não podemos buscar no outro, aquilo que não conseguimos encontrar em nós mesmos, ou seja, devemos buscar dentro de nós o que nos falta. Uma boa forma de se descobrir e se aceitar melhor é a psicoterapia, onde a pessoa passa a se conhecer melhor e a lidar melhor com os sentimentos, propiciando vivenciar relações mais satisfatórias e prazerosas, que agreguem bons sentimentos e bem estar.
por Kátia Beal
Fonte: Terapeuta cognitivo-comportamental
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