A procrastinação é um comportamento muito comum em que uma ação necessária é evitada ou adiada indefinidamente. Dessa maneira, a pessoa quer iniciar alguma tarefa ou mesmo terminar o que começou, mas é levada a postergar a ação, por motivos que sempre lhe parecem alheios à sua vontade. É o que popularmente chamamos “empurrar com a barriga”.
O hábito de adiar algo importante, como terminar um relatório de trabalho, iniciar uma mudança positiva de hábitos, procurar um profissional da saúde quando se sente doente, resulta em:
- perda de produtividade,
- estresse,
- ansiedade,
- angústia,
- sensação de culpa,
- e vergonha, pelo não cumprimento das responsabilidades e compromissos.
Por que procrastinamos? Quando nos envolvemos com alguma tarefa que não gera prazer imediato, o cérebro interpreta isso como uma ameaça.
O Sistema Nervoso Central produz certas substâncias – neurotransmissores- relacionadas com as emoções, sentimentos e comportamentos. Toda vez que a pessoa recebe um estímulo positivo, forte, agradável, seu cérebro gera a dopamina, que dá a sensação de felicidade, de estar de bem com a vida, em fluxo com o Universo e todos os sentimentos decorrentes disso. A dopamina gera prazer, alegria, força, êxtase, euforia, poder, sexualidade, confiança, sentimento de poder enfrentar qualquer desafio. Ela é indispensável para ação motora, força de vontade, alegria e bem-estar.
A dopamina é um neurotransmissor extremamente potente. Sua diminuição é fatal para o crescimento do indivíduo. Sua presença traz uma sensação de controle total da situação, de poder enfrentar qualquer desafio, qualquer inimigo, qualquer problema. Este é o neurotransmissor básico do Macho Alfa ou da Fêmea Dominante.
Nos tornamos, de certa forma ,dependentes deste tipo de sensação de poder. Quando uma tarefa tem grandes possibilidades de provocar a produção de dopamina, o cérebro busca avidamente por ela. Por outro lado, quando o cérebro entende que uma ação não será capaz de produzir dopamina, ele simplesmente tenta evitá-la de todas as maneiras.
Frente a uma tarefa, a amígdala cerebral - a parte do cérebro que controla o cérebro emocional - inicia uma rápida avaliação entre o agir e o não agir, baseada em experiências semelhantes registradas na memória. Quando a tarefa não parece prazerosa, entram em ação outros neurotransmissores, provocando medo e ansiedade. Então, evita-se a ação para que haja um retorno ao ponto de equilíbrio emocional.
O córtex pré-frontal é a área do cérebro responsável por funções de execução cerebral como planejamento, controle de impulsos, atenção, e age como um filtro, diminuindo estímulos que causam distração ao indivíduo. Lesões ou baixa utilização dessa área podem reduzir a capacidade de uma pessoa filtrar esses estímulos, resultando em má organização, perda de atenção e aumento da procrastinação.
Normalmente, a amígdala cerebral leva menos tempo para produzir uma reação emocional do que o córtex pré-frontal leva para julgar e se decidir pela ação. É por esse motivo que, muitas vezes, a emoção vence a razão e adiamos uma ação necessária indefinidamente, ou pelo menos até o prazo final para executá-la, quando a dor por não agir torna-se maior do que o desprazer de agir.
Qual de nós já não adiou a realização de uma tarefa importante como: praticar exercícios, iniciar a leitura de um livro que pode mudar nossa visão de mundo, aprender um idioma, emagrecer, parar de ingerir bebidas alcoólicas, começar a poupar?
A procrastinação acontece com todos, uma vez ou outra, mas há pessoas em que esse comportamento torna-se uma desordem persistente e debilitante. Nesses casos, o hábito relaciona-se com ansiedade, baixa autoestima, falta de criatividade e mentalidade autodestrutiva. Embora a procrastinação seja considerada normal, é um fator limitante para o crescimento pessoal.
Os procrastinadores podem adiar suas tarefas por:
- Perfeccionismo: nunca estão satisfeitos com os resultados do que estão fazendo; portanto, não se sentem prontos para finalizar o que iniciam.
- Impulsividade: se envolvem demais com atividades menos importantes, cujas soluções têm baixo impacto como, por exemplo, responder a todos os e-mails que recebem ou conferir a todo o momento o que está acontecendo nas redes sociais.
- Medo: temem o fracasso e a opinião alheia frente ao seu desempenho. Não começar algo, neste caso, é a melhor forma para não fracassar ou não ser julgado.
Mesmo sendo um forte hábito, a procrastinação é uma escolha do indivíduo. A angústia associada à procrastinação somente se extingue quando a tarefa é concluída.
Há técnicas e ferramentas que podem ajudar, mas o problema só será resolvido, em definitivo, através do autoconhecimento e da busca pela expansão de consciência.
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